MEMORIA DE ANDRADE
La luz del sol, la cal,
el pájaro que canta en la enramada,
el umbral y el zaguán y la sombra,
la reverberación del mar
al mediodía y, por la noche,
el reflejo en sus aguas de la luna,
el patio de la casa de la infancia
y el niño que allí mira con tristeza,
el somnífero son de las cigarras
a la hora cesante de la siesta,
el árido paisaje de las viñas
colgadas de los últimos bancales,
el jardín con palmeras
y el muro calcinado, y en fin,
todo cuanto en mi vida
tuvo un día importancia,
cuanto valió la pena,
la materia de todo cuanto he escrito,
esto es, el alma y la sustancia
de mis sueños.
Trago este poema, não só pela sua beleza intrínseca, mas como exemplo (mais um) das relações que existem entre poetas de lá e de cá (deixo o lá e o cá a escolha de cada um). Não é preciso irmos até aos primórdios das literaturas hispânicas para encontrarmos relações entre elas, nem sequer temos de acudir a Espronceda, W. Fernández Flórez ou Unamuno para falar de conexões entre uns escritores e outros. É verdade que a publicação por Gonzalo Armero em Junho de 1980 do número 7/8 da revista Poesía, dedicada a Fernando Pessoa (com selecção, tradução e anotações de J. A. Llardent), foi determinante para os jovens poetas espanhóis desse momento; a influência portuguesa não parou e não ficou em Pessoa, pois outros vieram depois: Sophia, Júdice ou o próprio Eugénio de Andrade.
Mas neste livro as referências portuguesas não concluem aqui: o título tem a ver com Eduardo Lourenço, como o próprio Álvaro Valverde explicita, e nas suas páginas encontraremos a luz algarvia de Tavira. É verdade que não é novidade encontrar nos livros deste poeta homenagens à cultura portuguesa como, por exemplo, o belíssimo poema “São Martinho, septiembre” do livro Mecánica terrestre (2002; nº 201 da colecção Marginales de Tusquets).
Conclusão: um livro, este Desde fuera, para ser lido com tranquilidade.
La luz del sol, la cal,
el pájaro que canta en la enramada,
el umbral y el zaguán y la sombra,
la reverberación del mar
al mediodía y, por la noche,
el reflejo en sus aguas de la luna,
el patio de la casa de la infancia
y el niño que allí mira con tristeza,
el somnífero son de las cigarras
a la hora cesante de la siesta,
el árido paisaje de las viñas
colgadas de los últimos bancales,
el jardín con palmeras
y el muro calcinado, y en fin,
todo cuanto en mi vida
tuvo un día importancia,
cuanto valió la pena,
la materia de todo cuanto he escrito,
esto es, el alma y la sustancia
de mis sueños.
Trago este poema, não só pela sua beleza intrínseca, mas como exemplo (mais um) das relações que existem entre poetas de lá e de cá (deixo o lá e o cá a escolha de cada um). Não é preciso irmos até aos primórdios das literaturas hispânicas para encontrarmos relações entre elas, nem sequer temos de acudir a Espronceda, W. Fernández Flórez ou Unamuno para falar de conexões entre uns escritores e outros. É verdade que a publicação por Gonzalo Armero em Junho de 1980 do número 7/8 da revista Poesía, dedicada a Fernando Pessoa (com selecção, tradução e anotações de J. A. Llardent), foi determinante para os jovens poetas espanhóis desse momento; a influência portuguesa não parou e não ficou em Pessoa, pois outros vieram depois: Sophia, Júdice ou o próprio Eugénio de Andrade.
Mas neste livro as referências portuguesas não concluem aqui: o título tem a ver com Eduardo Lourenço, como o próprio Álvaro Valverde explicita, e nas suas páginas encontraremos a luz algarvia de Tavira. É verdade que não é novidade encontrar nos livros deste poeta homenagens à cultura portuguesa como, por exemplo, o belíssimo poema “São Martinho, septiembre” do livro Mecánica terrestre (2002; nº 201 da colecção Marginales de Tusquets).
Conclusão: um livro, este Desde fuera, para ser lido com tranquilidade.
Chema DG
3 comentários:
Muito obrigado.
Álvaro Valverde é um poeta que merece toda a nossa atenção. Dentro de algum tempo publicarei no blogue www.alicerces1.blogspot.com traduções desse seu novo livro.
Que orgulho, o autor de que falamos a comentar-nos, muito obrigada nós.
Caro Ruy Ventura, agradecemos a visita e o comentário. Eu costumo ler o seu arquivo do Norte Alentejano e muito me alegrou esta sua visita.
Susana
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