Aproximamo-nos duma janela, assomamo-nos, -
1933-1974- faz vento, despenteia-nos, mas não é ele motivo por que homens se encontrem lá na rua prontos a falar, finalmente baixem os olhos e, apenas, se cumprimentem... Para quê! O vento ronda, azoina, vai para uma banca lá em baixo, passa página, esvoaça, volta a passar, lê-se mais uma notícia, não queiram saber qual o jornal, que a bom entendedor meia palavra basta, e destas, já se sabe, que não faltem se se escassear em conteúdos; quem quiser ler é só por simpatia, que a empatia não alfabetizada e isto, calhou ao povo, que ao todo abrange mais de 50%.
Mas debrucemo-nos mais um bocadinho sobre esta intra-história, e embora respiremos melhor cá fora que aí dentro, termos uma panorâmica mais ampla dá lugar a maiores sucessos... O que não nos diz respeito... Barulho, vozes e gritos, não me aguento, espreitemos... Algo, ou alguém, foi preso... Pelos vistos foi alguém, agarra uma espécie de caderno... Coitado, levam-no, passos no silêncio ecoam nos ouvidos... Um objecto cai e um menino passa ao lado, agacha-se, recolhe algo, e sai da cena a correr de orelhas moncas, que os vitupérios, como os passos, esfumam-se com os ecos... Aquele, o detido, já não é o mesmo, é um rosto de leve sorriso, uma ideia que isola, talvez por ter salvo uma espécie de caderno, um diário... ou aquilo fosse um livro?
Para este mês, Abril de 2010, deixamo-vos com um livro, que logo foi teatro, sem ter deixado de ser por isso um texto escrito (logo perfeitamente recomendável para uma leitura); qualificá-lo-ia de arrebatador, e subversivo pela censura da época. Deixamo-vos com
Felizmente há luar!, de
Luís de Sttau Monteiro.
Boa leitura,
Jorge Costa