http://ludotech.eu/jogos/forca/alim-sau.htm
http://cvc.instituto-camoes.pt/jogoemlinha/forca/menu.html
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
O acordo tortográfico, por Miguel Esteves Cardoso
Como já devem ter reparado, o Portal do Fado não adopta o novo acordo ortográfico.
Achamos este acordo desajustado, inútil e patético, e como tal não o "subscrevemos".
Ao ler um artigo de Miguel Esteves Cardoso de 1986, a propósito do Acordo Ortográfico de então, ficamos ainda mais convictos da nossa posição.
Transcrevo a seguir algumas partes do artigo de MEC, que não obstante terem piada não deixam de fazer todo o sentido:
"Dantes, cada país exercia o direito inalienável de escrever a língua portuguesa como queria. As variações ortográficas tinham graça e ajudavam a estabelecer a identidade cultural de cada país. Agora, com o Acordo Tortográfico, a diferença está em serem os Portugueses a escreverem como todos os outros países querem."
"Os Portugueses, no fundo, assinaram um Pacto Ortográfico que soube a Pato. Ninguém imagina os Espanhóis, os Franceses ou os Ingleses a lançarem-se em acordos tortográficos, a torto e a direito, como os Portugueses. Cada país – seja Timor, seja o Brasil, seja Portugal – tem o direito e o dever de deixar desenvolver um idioma próprio, Portugal já tem uma língua e uma ortografia próprias. Há já bastante tempo. O Brasil, por sua vez, tem conseguido criar um idioma de base portuguesa que é riquíssimo e que se acrescenta ao nosso. Os países africanos que foram colónias nossas avançam pelo mesmo caminho. Tentar «uniformizar» a ortografia, em culturas tão diversas, por decretos aleatórios que ousam passar por cima dos misteriosos mecanismos da língua, traduz um insuportável colonialismo às avessas, um imperialismo envergonhado e bajulador que não dignifica nenhuma das várias pátrias envolvidas. É uma subtracção totalitária."
"A ortografia brasileira tem a sua razão de ser, e a sua identidade própria. Quando lemos um livro brasileiro, desde um «Pato Donald» ao Guimarães Rosa, essas variações são perfeitamente compreensíveis. Até achamos graça, como os Brasileiros acham graça à nossa. Tentar «uniformizar» artificialmente a ortografia, para além das bases mínimas da Convenção de 1945, é da mesma ordem de estupidez que pretender que todos aqueles que falam português falem com a pronúncia de Celorico ou de Salvador da Bahia. É ridículo, é anticultural e é humilhante para todos nós. Se não tivessem já gozado, era caso para mandá-los gozar com o Camões."
"As línguas são indissociáveis das culturas e das histórias nacionais, e elas são diferentes em todos os países que hoje falam português à maneira deles. A maneira deles é a maneira deles, e a nossa é a nossa. A única diferença é que Portugal já há muito achou a sua própria maneira, tanto mais que a pôde ensinar a outros povos, e é um ultraje e um desrespeito pretender que passemos a escrever como os Moçambicanos ou como os Brasileiros. Eles são países novinhos. Nós somos velhinhos. E não faz sentido ensinar os velhinhos a dizer gugudadá, só para que possam «falar a mesma língua» que as criancinhas."
"Dizem que é «mais conveniente». Mais conveniente ainda era falarmos todos inglês, que dá muito mais jeito. Ou esperanto. Dizem que a informática não tem acentos. É mentira. Basta um esforçozinho de nada, como já provaram os Franceses e já vão provando alguns programadores portugueses. Dizem que é mais racional. Mas não é racional andar a brincar com coisas sérias. A nossa língua e a nossa ortografia são das poucas coisas realmente sérias que Portugal ainda tem. É irracional querer misturar a política da língua com a língua da política.
O que vale é que, neste mesmo momento, muitos Portugueses – escritores, jornalistas e outros utentes da nossa língua – estão a organizar-se para combater esta inestética monstruosidade. Que graça tinha se se fizesse um Acordo Ortográfico e nenhum português, brasileiro ou cabo-verdiano o obedecesse. Isso sim, seria um acordo inteligente. Concordar em discordar é a verdadeira prova de civilização."
http://www.portaldofado.net/
Achamos este acordo desajustado, inútil e patético, e como tal não o "subscrevemos".
Ao ler um artigo de Miguel Esteves Cardoso de 1986, a propósito do Acordo Ortográfico de então, ficamos ainda mais convictos da nossa posição.
Transcrevo a seguir algumas partes do artigo de MEC, que não obstante terem piada não deixam de fazer todo o sentido:
"Dantes, cada país exercia o direito inalienável de escrever a língua portuguesa como queria. As variações ortográficas tinham graça e ajudavam a estabelecer a identidade cultural de cada país. Agora, com o Acordo Tortográfico, a diferença está em serem os Portugueses a escreverem como todos os outros países querem."
"Os Portugueses, no fundo, assinaram um Pacto Ortográfico que soube a Pato. Ninguém imagina os Espanhóis, os Franceses ou os Ingleses a lançarem-se em acordos tortográficos, a torto e a direito, como os Portugueses. Cada país – seja Timor, seja o Brasil, seja Portugal – tem o direito e o dever de deixar desenvolver um idioma próprio, Portugal já tem uma língua e uma ortografia próprias. Há já bastante tempo. O Brasil, por sua vez, tem conseguido criar um idioma de base portuguesa que é riquíssimo e que se acrescenta ao nosso. Os países africanos que foram colónias nossas avançam pelo mesmo caminho. Tentar «uniformizar» a ortografia, em culturas tão diversas, por decretos aleatórios que ousam passar por cima dos misteriosos mecanismos da língua, traduz um insuportável colonialismo às avessas, um imperialismo envergonhado e bajulador que não dignifica nenhuma das várias pátrias envolvidas. É uma subtracção totalitária."
"A ortografia brasileira tem a sua razão de ser, e a sua identidade própria. Quando lemos um livro brasileiro, desde um «Pato Donald» ao Guimarães Rosa, essas variações são perfeitamente compreensíveis. Até achamos graça, como os Brasileiros acham graça à nossa. Tentar «uniformizar» artificialmente a ortografia, para além das bases mínimas da Convenção de 1945, é da mesma ordem de estupidez que pretender que todos aqueles que falam português falem com a pronúncia de Celorico ou de Salvador da Bahia. É ridículo, é anticultural e é humilhante para todos nós. Se não tivessem já gozado, era caso para mandá-los gozar com o Camões."
"As línguas são indissociáveis das culturas e das histórias nacionais, e elas são diferentes em todos os países que hoje falam português à maneira deles. A maneira deles é a maneira deles, e a nossa é a nossa. A única diferença é que Portugal já há muito achou a sua própria maneira, tanto mais que a pôde ensinar a outros povos, e é um ultraje e um desrespeito pretender que passemos a escrever como os Moçambicanos ou como os Brasileiros. Eles são países novinhos. Nós somos velhinhos. E não faz sentido ensinar os velhinhos a dizer gugudadá, só para que possam «falar a mesma língua» que as criancinhas."
"Dizem que é «mais conveniente». Mais conveniente ainda era falarmos todos inglês, que dá muito mais jeito. Ou esperanto. Dizem que a informática não tem acentos. É mentira. Basta um esforçozinho de nada, como já provaram os Franceses e já vão provando alguns programadores portugueses. Dizem que é mais racional. Mas não é racional andar a brincar com coisas sérias. A nossa língua e a nossa ortografia são das poucas coisas realmente sérias que Portugal ainda tem. É irracional querer misturar a política da língua com a língua da política.
O que vale é que, neste mesmo momento, muitos Portugueses – escritores, jornalistas e outros utentes da nossa língua – estão a organizar-se para combater esta inestética monstruosidade. Que graça tinha se se fizesse um Acordo Ortográfico e nenhum português, brasileiro ou cabo-verdiano o obedecesse. Isso sim, seria um acordo inteligente. Concordar em discordar é a verdadeira prova de civilização."
http://www.portaldofado.net/
Subscrever:
Mensagens (Atom)