segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Concurso "Tudo isto é Portugal"

Segunda entrega

Lugar

Foi um cidadão italiano, de Roma, chamado António Canevari, quem me construiu entre 1728 e 1733 para substituir uma outra que tinha sido erigida em 1561.
Além do
relógio que se vê na fotografia, dentro de mim estão os sinos, que soam nos principais rituais da universidade (uma das mais antigas do continente europeu) à qual pertenço.
O lugar onde foi edificada é, actualmente, um dos principais destinos turísticos de Port
ugal e cada ano visitam este belo espaço cerca de duzentas mil pessoas, além de muitos estudantes que por esta via latina andam, embora não possam subir os degraus que eu possuo.
Muitos destes turistas ficam surpreendidos quando aprendem que, além do meu nome oficial, tenho uma alcunha com nome de animal.


Pessoa

Os meus pais chamavam-se Pedro, galego ele, e Aldonça, portuguesa ela; ambos pertenciam a famílias de grande vulto, pelo que fui educada num ambiente de requinte. Quando era jovem e bela (e ainda não tinha vinte e cinco anos) fui obrigada a partir para o castelo de Alburquerque, mas não esqueci a pessoa que eu tanto amava; mais tarde, viveria com ele no Paço de Santa Clara, onde passei os últimos anos da minha existência. Dizem que a minha vida foi um exemplo de amor, cheio de paixão, e que a morte que eu sofri tem muito a ver com isso que se chama "razão de estado". A minha atormentada história foi narrada inúmeras vezes por escritores como Garcia de Resende, António Ferreira, Luis Vélez de Guevara, Henry de Montherlant, Ezra Pound, além de ser protagonista de quase trinta óperas; no entanto, o mais conhecido de todos eles é Luís de Camões, que escreveu no Canto III de Os Lusíadas que, no momento de eu morrer, as minhas lágrimas não se perderam inutilmente: "E, por memória eterna, em fonte pura / As lágrimas choradas transformaram." Aí está, ainda hoje, essa fonte, para que ninguém se esqueça de aquilo que aconteceu no dia 7 de Janeiro de 1355. Para terminar direi que o local onde os meus restos descansam é considerado Património Mundial pela Unesco desde 1989; este não se encontra à beira do Mondego, mas sim entre dois rios, o Alcoa e o Baça.

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