quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Concurso "Tudo isto é Portugal"

Quinta entrega

Lugar

É impossível ir à cidade sem passar por mim, nem que seja num golpe de vista, já que com uma extensão de 58 km. e o maior arco ogival do mundo me imponho no horizonte de todos aqueles que por cá passam. Inicio numa zona limítrofe e tenho o meu término num dos bairros mais chiques para viver. Fui construído durante o reinado de D. João V, com a mesma função que tive até 1974, ano da minha desactivação. Arquitectos e engenheiros militares famosos como António Canevari, Silva Pais, Manuel de Maia e Custódio Vieira estão ligados ao meu projecto, e devem ter feiro um bom trabalho, pois resisti incólume à grande catástrofe do dia de Todos os Santos.
Sobre mim há um caminho público que esteve encerrado por causa dos crimes do Pancadas. Este homicida simulava suicídios desde o meu ponto mais alto, para assim poder roubar as suas vítimas sem deixar vestígios. No entanto, o que conseguiu foi ser o último decapitado da História de Portugal.

Pessoa

A mulher nasceu em Setembro do ano de 1965. A actriz desabrochou quando a rapariga decidiu abandonar as inquietudes filosóficas e potenciar o talento na Escola Superior de Teatro e Cinema do Conservatório Nacional. Há já 22 anos que a prova final nesta instituição educativa lhe deu o epíteto de "o último génio do teatro português". Embora tenha sido o palco a dar-lhe a aprovação de colegas e críticos - ganhou com o papel de Maria no clássico Frei Luís de Sousa (o seu segundo trabalho) o Prémio de Actriz Revelação da APCT- foi a televisão que a lançou para o estrelato. Todos lembramos com saudade as personagens na Rua Sésamo, no Ícaro, as professoras de Os Melhores Anos e Riscos, respectivamente. Mas são as más viscerais e por todos odiadas que nos trazem as melhores recordações: a Isabel, A Luíza Albuquerque e, mais recentemente, a Margarida Miranda Ventura.
Na sétima arte trabalhou com João Botelho, Teresa Villaverde, João Canijo, John Malkovich, mas foi no Delfim de Fernando Lopes que a vimos em toda a excelência. Foi também apresentadora de tv, contudo os que a admiramos preferimos o magnetismo da actriz à sensualidade da mulher, e apenas esta foi explorada nos trabalhos não ficcionais.
Desde 1997, e Fernando Krapp escreveu-me uma carta, que não nos presenteia com um trabalho teatral e ainda que possamos ver em todo o seu esplendor em séries, filmes e telenovelas, sentimos-lhe a falta no habitat natural.
Tal não é o seu êxito junto do público que foi a primeira personalidade portuguesa a ter direito a um documentário no Biography Channel.

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